Certa vez um camponês viu-se muito triste e cabisbaixo, achando a vida
melancólica e sem alegria, não tinha mais razões para sorrir, para amanhecer e
contemplar a beleza do nascer do sol, enfim, não havia motivos para continuar
vivendo. Começou a se isolar, e num dia, no qual chorava muito, se perguntou
mentalmente...
- Deus não tenho mais motivos para caminhar! O que faço. O que será de
mim...
E enquanto pensava, lágrimas rolavam de forma contínua, sem cessar pelo seu
rosto pálido e incolor. De repente, sobreveio uma ventania rápida, e levando
consigo muita sujeira, um cisco entrou no seu olho esquerdo. Foi até um lago
próximo e começou a molhar o rosto, visando remover o cisco, e quando concluído
o objetivo (cisco removido) voltou ao lugar anterior. E ouviu uma doce voz:
- Vais à primeira fazenda que vires e fiques lá…
Então o camponês perguntou:
- Mas como vou saber se é realmente a fazenda certa? E o que vou fazer lá?
O que vou encontrar?
E todas as suas perguntas ficaram sem resposta, pois nenhuma voz ecoou
mais. Levantou-se e prosseguiu, andou, andou, andou e depois de muito andar, já
cansado, viu uma fazenda e lembrou-se da voz. Foi em frente e chegando lá,
tinha o seguinte nome a fazenda Experiência.
Entrou e deparou-se com inúmeros e distintos animais, cada qual com sua
forma, seu jeito, com suas peculiaridades… Uns mais frágeis, outros mais
atentos, uns mais quietos, outros mais agitados, uns mais doces, outros mais
fechados, porém todos únicos e importantes. Entretanto na fazenda, o camponês
percebeu que não havia nenhum proprietário, ela estava abandonada…
O camponês por um momento pensou em sair da fazenda, fingir que não sabia
de nada e prosseguir a diante, pois não queria ficar com mais problemas. Porém,
ele pensou consigo:
- Se eu sair daqui sem pelo menos ver e conviver com esses animais não vou
saber se ia gostar ou não deles… Vou ficar…
Decidido a tal atitude, permaneceu na fazenda e percebeu que os animais
seriam um obstáculo a ser vencido, pois a convivência não era totalmente fácil,
visto que havia animais com todos os gêneros e temperamentos variados.
Inicialmente alguns animais iam se deparando com ele, derrubando-o, outros o
batiam, e assim ele ficou novamente triste e melancólico.
Contudo não desistiu, quando algum animal dava-lhe um chute, ele retribuía
com carinho, quando outro dava-lhe uma marrada, ele colocava comida e sorria
para ele, mas haviam aqueles que brincavam com ele, davam-lhe carinho, e ele
foi reunindo forças para suportar e continuar lá.
Depois de alguns dias ele percebeu que havia alguns animais com o pelo
diferenciado, com uma cor esbranquiçada, foi quando removendo o pelo
identificou algumas feridas, as quais não estavam totalmente saradas, contendo
algumas partes abertas, e começou a tratá-las, cuidando com paciência e
delicadeza. Notou que todos que estavam com tais feridas eram os animais
agressivos.
Passou-se o tempo e todos os animais começaram a gostar do simples
camponês, cada um da sua forma e ele percebeu que sua presença foi importante
na vida daqueles animais.
Compreendeu que no mais perigoso leão, contém o mesmo coração do meigo
gato, que assim tanto o cantar do galo quanto o rixo do cavalo expressava o
mesmo carinho em relação ao camponês, mudando somente a forma de expressão.
O camponês resolveu cuidar sempre dos animais, pois entendeu que era sua
habilidade e sentia-se realizado ao fazer isso. A mesma voz depois falou:
- Percebeu camponês, como em cada ser há algo de importante? Basta tentarmos
descobrir.
Que o camponês que há em você possa descobrir o que há de melhor em cada animal,
cada pessoa que percorre em nosso trajeto, amando-os e cuidando-os, sempre
valorizando o que há de melhor na sua essência.